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D'Angelles Backes

Micael Silva e Vitória Sousa

A maternidade, com suas alegrias e desafios, se transformou em uma batalha diária para Zenólia Gonzaga, de 35 anos. Mãe de Breno Lucas Sodré Gonzaga, hoje com 17 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) severo aos quatro anos de idade, Zenólia dedica sua vida aos cuidados do filho.

“Parar de lutar nunca esteve nos meus planos”, afirma Zenólia. Breno realiza terapias três vezes por semana, uma redução em relação às cinco sessões anteriores devido à dificuldade de transporte.

A rotina de Breno é extremamente sensível a alterações. “Qualquer mudança na rotina pode gerar crises. Ele não consegue esperar, não tolera ambientes fechados e qualquer alteração, por menor que seja, pode desencadear uma crise”, explica a mãe.

O transporte coletivo, oferecido pelo município de Santa Rita do Novo Destino, em Goiás, sempre representou um risco. “Já aconteceu dele me agredir dentro do carro ou atingir outras pessoas. É algo que foge do controle”, relata Zenólia, que também é responsável pela medicação, alimentação e higiene do filho.

Diante da inadequação do transporte público para as necessidades de Breno, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) interveio, ingressando com uma ação civil pública contra o município, após constatar a ausência de um transporte compatível com as necessidades clínicas do jovem.

“Recebemos relatórios e laudos médicos que demonstravam de forma inequívoca a gravidade do quadro clínico do adolescente. Breno tem autismo severo e transtorno de processamento sensorial, o que significa que ele é extremamente sensível a estímulos externos. Ruídos, toques, cheiros e até a presença de outras pessoas podem desencadear crises de descontrole, colocando em risco não apenas ele, mas quem está ao redor”, detalha o promotor de Justiça Pablo Martinez.

A decisão judicial que garantiu o transporte adequado representou uma transformação para a família. “Foi um alívio imenso”, diz Zenólia, emocionada. “Com o transporte certo, conseguimos manter as terapias sem tanto estresse, sem crises durante o trajeto. Para mim, foi também um descanso emocional saber que meu filho teria mais segurança.”

Apesar do avanço, os desafios financeiros persistem. Zenólia, mãe solo, enfrenta dificuldades para arcar com o tratamento, que tem um custo elevado. Além disso, lida com o cansaço emocional e a preocupação com o futuro de Breno.

Danielle Bessa, analista comportamental e neuropsicopedagoga que acompanha Breno, destaca os progressos alcançados com a terapia. “Com a terapia, ele vem se regulando aos poucos, com intervalos cada vez maiores entre as crises. Trabalhamos a redução das explosões agressivas, o controle da frustração e o tempo de espera, além da introdução de pequenas mudanças na rotina”, afirma Danielle.

Para a profissional, a continuidade do tratamento é crucial. “Ele já apresentou uma melhora significativa, mas ainda há muito a ser trabalhado. Cada sessão representa um passo importante rumo à autonomia e à inclusão”, conclui.

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