Uma extensa fraude envolvendo o acidente radiológico com o césio-137 em Goiás beneficiou cerca de 50 militares da reserva, que obtiveram isenção do Imposto de Renda com base em laudos falsificados. A Polícia Civil estima que o esquema causou um prejuízo de R$ 1,7 milhão.
De acordo com as investigações, o grupo criminoso era composto por advogados, um médico, um engenheiro e um militar da reserva. “Identificamos núcleos distintos: captação, fraude, jurídico e advogados laranjas”, explicou o delegado responsável pelo caso.
Na manhã desta quinta-feira, uma operação policial resultou na prisão temporária de três advogados, um médico e um engenheiro. Um militar da reserva, que já havia sido detido anteriormente, encontra-se atualmente em liberdade. Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão na região metropolitana de Goiânia.
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) informou que está acompanhando a investigação para garantir as prerrogativas profissionais e fiscalizar a ética da advocacia. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) comunicou a abertura de procedimentos internos para apurar possíveis infrações éticas, assegurando que qualquer desvio será rigorosamente investigado e punido.
Segundo a Delegacia Estadual de Investigações Criminais (DEIC), o esquema operava em diferentes frentes: um núcleo de captação recrutava os militares e coletava documentos; um núcleo de fraude adulterava os laudos médicos; um núcleo jurídico utilizava advogados “laranjas” para protocolar as ações; e um núcleo de engenharia supervisionava a falsificação e acompanhava o andamento jurídico, assegurando o funcionamento do esquema.
O delegado informou que os advogados cobravam uma porcentagem do valor economizado no imposto. As investigações revelaram que os materiais biológicos, supostamente enviados para análise em laboratórios, nunca foram realmente analisados, sendo utilizados apenas para a falsificação dos laudos.
