Um incêndio florestal de grandes proporções devasta a Chapada dos Veadeiros há 21 dias, atingindo a terra indígena do povo Avá-Canoeiro, localizada em Minaçu, no norte de Goiás. Mais de 500 hectares da área indígena, demarcada em 2023 e que abriga 19 moradores em seus 38 mil hectares, já foram consumidos pelo fogo, que se espalha rapidamente, ameaçando novas áreas de vegetação nativa.
Segundo dados, o incêndio já consumiu 111 mil hectares da Chapada, representando 46,13% da sua área total. Nas últimas 72 horas, 2.390 hectares foram queimados. Na Área de Proteção Ambiental (APA) do Pouso Alto, no Nordeste goiano, 89,8 mil hectares foram destruídos por incêndios florestais entre 1º de janeiro e 12 de outubro de 2025.
Desde o dia 6 de outubro, uma operação conjunta entre o Corpo de Bombeiros e as polícias Civil e Militar busca responsabilizar proprietários rurais ou empresas que causaram os incêndios. Imagens de satélite estão sendo analisadas para identificar os pontos de origem do fogo, que são verificados em campo. As multas podem chegar a R$ 50 milhões em casos mais graves, e até o momento, 80 processos administrativos foram abertos para investigar os responsáveis pelas queimadas em 2025.
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foi uma das áreas mais afetadas, com 6.440 hectares queimados. A legislação federal prevê multa de R$ 10 mil por hectare destruído, valor que dobra em zonas de amortecimento de unidades de conservação, podendo alcançar o teto de R$ 50 milhões.
O combate às chamas mobiliza 215 pessoas, incluindo brigadistas do ICMBio e do Prevfogo/Ibama, equipes de apoio logístico e voluntários, com ações concentradas em duas frentes. Aviões lançaram mais de 45 mil litros de água sobre as áreas críticas. Apesar dos focos de incêndio dentro do parque, as trilhas que estavam interditadas foram reabertas.
Para evitar novos focos, o governo tem realizado campanhas educativas, investido em prevenção e proibido o uso do fogo em vegetação até o fim da estiagem, determinando que quem causar incêndio terá que recuperar até três hectares para cada um destruído. O impacto ambiental é severo, com ameaça a espécies típicas do Cerrado e destruição de habitats essenciais. A causa do incêndio segue sob investigação.
