O agronegócio brasileiro pode estar prestes a testemunhar uma grande mudança com a possível legalização do cultivo da Cannabis sativa. Um estudo aponta que a planta tem o potencial de gerar um retorno líquido por hectare significativamente maior do que a soja.
No cultivo focado na extração de canabidiol (CBD), o retorno líquido pode alcançar R$ 23.306,80 por hectare. Para efeito de comparação, a soja rende R$ 2.053,34 por hectare e o milho, R$ 3.398,34 por hectare.
Atualmente, não existe área de plantio legalizada em larga escala no Brasil para fins comerciais ou industriais. O cultivo da cannabis é permitido apenas sob decisões judiciais para pacientes ou associações para uso medicinal, ou para pesquisa científica e desenvolvimento de medicamentos, sempre com autorização da Anvisa.
O CBD, um dos compostos extraídos da planta, não tem efeito psicoativo e é utilizado para controlar dor, humor e função mental. Outro composto, o tetraidrocanabinol (THC), possui efeito psicoativo, mas também pode trazer benefícios para a saúde.
A cannabis pode ser utilizada para gerar mais de 25 mil subprodutos, incluindo bioconcreto e biotijolos na construção civil, fibras para confecção de tecidos e base para a produção de biocombustível. Suas sementes podem ser usadas na alimentação, para produção de azeite e alimentos proteicos.
A projeção do mercado medicinal no Brasil é de R$ 1 bilhão em 2025. Globalmente, a cannabis pode movimentar US$ 82,3 bilhões até 2027, com EUA, Canadá, México, Austrália e Espanha liderando o mercado.
O cultivo da cannabis utiliza dez vezes menos água que o algodão, possui um ciclo de vida curto, com colheita a cada três meses, e pode gerar 17,3 empregos por hectare cultivado.
Apesar do potencial, o Brasil enfrenta atrasos na regulamentação do cultivo industrial para fins além do medicinal. A regulamentação do cultivo industrial foi prorrogada para 31 de março de 2026, visando uma discussão mais ampla.
O preconceito e o tabu em torno da planta são apontados como os principais entraves, sendo fundamental que a regulamentação brasileira utilize a experiência internacional.
Fonte: forbes.com.br
