Apesar dos desafios enfrentados pelo movimento ambientalista, como resistências políticas e crises econômicas, um portfólio de baixo carbono tem se destacado no mercado financeiro. Gerido por Xavier Chollet, a estratégia de Transição para Energia Limpa da Pictet, uma das maiores gestoras de recursos da Suíça, demonstra resultados promissores.
Enquanto ações de energia alternativa ficaram aquém do índice S&P 500 na última década, o portfólio de Chollet, avaliado em US$ 5,5 bilhões, registrou um aumento de 26% este ano, superando o S&P 500 em 9 pontos percentuais.
O sucesso da Pictet reside em dois pilares. Primeiro, a definição abrangente de “transição”, alocando apenas 24% dos recursos em fontes renováveis tradicionais, como solar e eólica, e investindo em eficiência energética em diversos setores. Segundo, a aversão a empreitadas especulativas, priorizando empresas lucrativas e independentes de subsídios. Essa abordagem exclui investimentos em áreas como hidrogênio verde, frequentemente deficitárias mesmo com incentivos governamentais.
Xavier Chollet, atuante na estratégia de energia limpa desde 2011, foca em empresas americanas, que representam 74% dos ativos do portfólio. A Nextracker, fabricante de equipamentos para painéis solares, é um dos principais investimentos, com suas ações valorizando mais que o dobro neste ano.
Chollet argumenta que, mesmo sem subsídios ou mandatos, a energia renovável é economicamente viável, com custos de geração inferiores aos do gás natural, carvão ou energia nuclear. Além disso, destaca a crescente demanda por energia para inteligência artificial, que impulsiona a busca por fontes renováveis com prazos de entrega mais curtos.
O gestor também investe em empresas de semicondutores como Broadcom e Marvell Technology, que produzem circuitos integrados específicos para aplicações, menos vorazes no consumo de energia do que as unidades de processamento gráfico convencionais.
Para mitigar riscos, o portfólio inclui ações de empresas mais conservadoras, como a Xcel Energy, a Linde e a TopBuild. A TopBuild, por exemplo, comercializa isolamento, contribuindo para a eficiência energética em edifícios.
A estratégia de moderação de riscos tem se mostrado eficaz. Embora em momentos de grande valorização de ações solares e de hidrogênio, como em 2020, o fundo da Pictet tenha ficado atrás de outros gestores, sua abordagem mais flexível e conservadora lhe conferiu resiliência a longo prazo, com um retorno anual de 12% na última década, superando o iShares Clean Energy ETF.
Fonte: forbes.com.br
