A COP30, sediada em Belém do Pará, reúne líderes políticos, investidores e instituições financeiras globais para traçar caminhos para o futuro sustentável do planeta. O evento destaca a importância das finanças em todas as questões climáticas, colocando o Brasil no centro da realocação de capital para projetos verdes.
A conferência transcende o ativismo ambiental, focando na economia de escala, gestão de riscos e na busca por retornos financeiros superiores, o chamado “alpha”. A crescente procura por títulos verdes e taxonomia sustentável demonstra que a sustentabilidade se moveu do setor de compliance para o cerne das decisões financeiras corporativas, impactando o custo de capital e a competitividade das empresas.
O Brasil, detentor de vasto capital natural, busca converter seus recursos em retornos financeiros sustentáveis e se consolidar como potência em investimentos verdes. O fluxo global de capital está priorizando empresas com resiliência climática e planos de transição concretos. O país se destaca como o maior mercado de emissão de Green Bonds na América Latina, com setores como agronegócio de baixo carbono e energias renováveis atraindo investimentos de longo prazo a custos competitivos devido ao menor risco regulatório percebido. A securitização de ativos da bioeconomia, transformando receitas de manejo florestal e produção sustentável em projetos financeiros, ganha espaço.
A regulamentação do Mercado de Créditos de Carbono é vista como fundamental para transformar as reservas florestais brasileiras em ativos líquidos. A Amazônia, rica em biodiversidade, impulsiona a inovação, atraindo investimentos de Venture Capital e Private Equity para startups de biotecnologia e manejo florestal. A bioeconomia surge como tese de investimento que valoriza a biodiversidade, gerando empregos verdes e incentivando a preservação.
O desafio para o Brasil reside na velocidade e segurança em capitalizar a transição para uma economia sustentável. Barreiras políticas e regulatórias, como a ausência de taxonomia verde e a falta de padronização ESG, aumentam o risco de “greenwashing”, elevando o custo de capital para projetos verdes. A adoção de padrões globais por órgãos como a CVM e o Banco Central é crucial. Além disso, a logística verde e a tecnologia sustentável necessitam de financiamentos robustos, viabilizados por títulos de infraestrutura verde e garantias de bancos multilaterais.
A COP30 representa uma oportunidade para o Brasil formalizar sua estratégia macroeconômica para a próxima década, liderando as questões climáticas e redefinindo sua narrativa de risco. Uma diplomacia ambiental coesa e regulamentação financeira transparente atraem investimentos de longo prazo, consolidando o país como uma economia líder no futuro. A união entre a preservação dos biomas e a performance econômica definirá o papel do Brasil no cenário global. A sustentabilidade se torna, assim, um ativo estratégico para mitigar riscos e garantir o retorno a longo prazo.
Fonte: forbes.com.br
