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D'Angelles Backes

Clayton Freitas
Clayton Freitas

O mercado acionário brasileiro experimenta um cenário incomum. Apesar de o Ibovespa ter superado a marca de 150 mil pontos, a B3 registra um número crescente de empresas deixando a bolsa de valores. Em 2025, já são 25 as companhias que optaram por sair, o maior número desde 2017.

Esse movimento reduziu a base de empresas listadas para cerca de 400, ou pouco mais de 350, considerando apenas o mercado à vista. Nos últimos dez anos, quase 200 empresas deixaram a B3.

Especialistas apontam que essa situação não reflete necessariamente uma crise no índice, que tem sido sustentado por grandes empresas e fluxo de capital estrangeiro. O fenômeno estaria ligado a uma crise estrutural, com o mercado acionário perdendo atratividade devido aos altos juros e ao ambiente macroeconômico.

A taxa de juros elevada, com a Selic mantida em 15% na última reunião do Copom, ocorrida no início de novembro, é apontada como um dos principais motivos. A renda fixa, com retornos atrativos e baixo risco, atrai investidores, drenando recursos do mercado acionário.

Outro fator relevante é o custo de manutenção de uma empresa listada na bolsa, estimado entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões anuais, o que se torna insustentável para empresas com baixa liquidez ou sem necessidade de captação.

A escassez de IPOs desde 2022, somada à Selic alta, encareceu a captação de capital via bolsa, levando empresas a optarem por fusões, aquisições ou fechamento de capital em vez de emitir ações a preços baixos.

Além disso, analistas consideram que a saída de algumas empresas reflete uma depuração natural do mercado, especialmente entre aquelas que abriram capital durante o período de alta liquidez global entre 2020 e 2021 e que não conseguiram entregar o crescimento esperado.

Casos específicos, como o da Gol, que propôs o fechamento de capital após entrar em processo de reestruturação nos Estados Unidos, e da Ambipar, em recuperação judicial, também contribuem para o aumento do número de empresas deixando a bolsa.

Apesar do número de saídas, o impacto nas contas da B3 é limitado, uma vez que a empresa opera um ecossistema diversificado, com receitas provenientes de custódia, compensação, derivativos, renda fixa e tecnologia. Dados do segundo trimestre de 2025 indicam um aumento na receita e no lucro líquido recorrente da B3, impulsionados pelo volume médio diário de negociação e pelas soluções tecnológicas oferecidas pela bolsa.

A tendência é que a saída de empresas continue enquanto o ambiente macroeconômico permanecer restritivo, com empresas menores e de alta regulação sendo as mais vulneráveis.

Fonte: forbes.com.br

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