O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) apresentou uma queda de 1,1% em outubro, em comparação com o mês anterior. Esta é a quarta retração consecutiva do indicador, que agora se situa em 95,7 pontos, já considerando o ajuste sazonal. O resultado coloca o índice abaixo da marca de 100 pontos, indicando um sentimento de pessimismo no setor, e representa o menor patamar desde maio de 2021, período ainda impactado pelos efeitos da pandemia de Covid-19, quando o Icec registrou 94,7 pontos.
A sequência de quedas sinaliza uma mudança no ânimo dos empresários, especialmente às vésperas de datas importantes para o varejo, como a Black Friday e o Natal. Entre julho e outubro, o indicador acumulou uma diminuição de 10,3%, um movimento não visto desde o início da crise sanitária. Essa tendência reflete uma combinação de fatores como o consumo enfraquecido, as altas taxas de juros e as incertezas econômicas, que limitam os investimentos e o planejamento de expansão.
O levantamento aponta que dois dos três componentes do Icec apresentaram recuo em outubro: condições atuais (-5,4%) e intenção de investimento (-0,4%). Apenas o componente de expectativas exibiu um ligeiro aumento de 0,8%, sugerindo uma estabilidade momentânea nas projeções para o final do ano. A pesquisa também revela que a maioria dos varejistas (77,4%) percebe uma piora no cenário econômico atual, embora uma parcela (56,4%) ainda acredite em uma melhora nos próximos seis meses.
A redução do otimismo se reflete diretamente nas decisões de investimento e contratação. O subíndice de intenção de investimento caiu para 99,6 pontos, ficando abaixo da neutralidade pela primeira vez desde novembro de 2023. A retração mais expressiva ocorreu na intenção de contratar funcionários, com uma queda considerável.
Os efeitos da desaceleração são mais evidentes nos segmentos que dependem de crédito, como o setor de bens duráveis (eletrodomésticos, eletrônicos, móveis e veículos), que apresentou uma queda anual significativa. Em contrapartida, o comércio de bens não duráveis, como supermercados, farmácias e lojas de cosméticos, teve um recuo mais discreto.
Apesar da expectativa de um quarto trimestre impulsionado por datas promocionais, o setor deve encerrar o ano com indicadores ainda em um patamar de pessimismo. Uma reversão desse quadro dependerá de uma redução mais consistente das taxas de juros, da manutenção de um mercado de trabalho aquecido e de um ambiente político e fiscal mais estável.
