Goiás celebra um período de expansão na produção de leite, impulsionado por avanços tecnológicos, genética e práticas produtivas mais eficientes. No primeiro semestre de 2025, o estado alcançou a marca de 1,15 bilhão de litros produzidos, um aumento significativo de 7,6% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Este desempenho coloca Goiás entre os três maiores produtores de leite do país, em um cenário nacional que também viu um crescimento de 6,9%, atingindo aproximadamente 13 bilhões de litros.
Entretanto, o aumento na oferta de leite impactou diretamente os preços pagos aos produtores. Em julho de 2025, o preço médio do litro em Goiás foi de R$ 2,54, após sucessivas quedas nos meses precedentes. Esta pressão sobre as margens, combinada com uma demanda interna ainda moderada, exige um controle rigoroso dos custos de produção. Despesas com ração, energia e mão de obra continuam a onerar o orçamento das fazendas, tornando a eficiência operacional crucial para a rentabilidade.
O comércio exterior de lácteos permanece um desafio importante. Em agosto de 2025, as exportações brasileiras totalizaram US$ 7,3 milhões, enquanto as importações excederam US$ 79 milhões, aumentando o déficit comercial. No caso específico de Goiás, as exportações atingiram US$ 93,7 mil, contrastando com US$ 452,4 mil em importações, com uma diferença significativa entre o valor médio por tonelada exportada (US$ 2.122,23) e importada (US$ 7.250,00).
Apesar das oscilações de preços, surgem oportunidades em nichos específicos, como o leite A2A2, produzido por vacas geneticamente selecionadas. Este tipo de leite, associado a uma melhor digestibilidade, ganha espaço em mercados de maior valor agregado, atraindo consumidores que buscam alimentos mais saudáveis e diferenciados. Segmentos como leite orgânico, sustentável e artesanal também se consolidam, impulsionando indústrias que apostam na qualidade e diferenciação.
Para garantir um crescimento sustentável, Goiás precisa investir na industrialização local, fortalecer a logística e estimular a integração entre produtores e cooperativas, agregando valor ao produto final. O uso de tecnologias de precisão, o melhoramento genético e o manejo eficiente são essenciais para aumentar a produtividade e reduzir custos. A bovinocultura leiteira, presente em todos os municípios goianos, representa uma importante fonte de renda para pequenos e médios produtores, mas transformar volume em rentabilidade depende de políticas de estímulo à inovação, acesso a crédito e estabilidade de preços.
