A estreia de Tilly Norwood em Hollywood não foi convencional. Longe dos holofotes e testes tradicionais, a atriz que desencadeou uma intensa controvérsia na indústria cinematográfica é uma criação digital, produto da inteligência artificial do estúdio britânico Xicoia, especializado em talentos gerados por IA.
O surgimento de Tilly reflete os receios de atores e roteiristas que paralisaram Hollywood em greves históricas, impulsionados pela busca por regulamentação no uso da IA.
Tilly Norwood é a primeira criação do estúdio Xicoia, fundado por Eline Van der Velden, atriz e produtora. Ao invés de um ator humano, Tilly é uma personagem digital criada por algoritmos e machine learning.
Desenvolvida por um programa de computador treinado com uma vasta base de dados, Tilly teria sido gerada a partir da combinação de traços de centenas de mulheres, buscando um rosto e uma persona visualmente atraentes e versáteis.
Para transformá-la em um “talento” comercializável, o estúdio Xicoia atribuiu a Tilly um histórico, personalidade e arco narrativo próprios, permitindo que a personagem digital se envolva em conversas, mantenha perfis ativos nas redes sociais (onde compartilha fotos e vídeos de “testes de cena”) e se adapte a diferentes públicos.
A atriz sintética opera sob um modelo híbrido de supervisão criativa humana e autônoma. Embora a IA seja responsável por gerar falas e performances, uma equipe de criadores humanos direciona seu trabalho, roteiros e aparições.
O estúdio pretende que Tilly atue em diversas áreas, incluindo cinema, , publicidade, podcasts, TikTok, YouTube e videogames. Eline Van der Velden ambiciona que Tilly se torne a “próxima Scarlett Johansson ou Natalie Portman”.
A apresentação de Tilly no Festival de Cinema de Zurique provocou uma reação imediata em Hollywood, especialmente por parte de atores e do SAG-AFTRA (Sindicato dos Atores dos EUA). O sindicato declarou que Tilly Norwood “não é uma atriz, mas um personagem gerado por um programa de computador treinado com base no trabalho de inúmeros artistas profissionais, sem permissão ou compensação”.
Eline Van der Velden defende sua criação, comparando-a a animação e CGI, argumentando que é uma “obra de arte criativa” e não um substituto para atores humanos.
Fonte: forbes.com.br
